Práticas integrativas complementares auxiliam contra fibromialgia

Unidades UBSs são porta de entrada aos serviços; Fevereiro Roxo lembra a importância de falar sobre a doença e seus tratamentos.

Agência Brasília* | Edição: Débora Cronemberger

Dores que se espalham por várias partes do corpo, fadiga, distúrbios do sono, ansiedade e alterações de memória e de atenção. Todos esses podem ser sintomas de fibromialgia, uma doença que amplifica a percepção de dor. A rede da Secretaria de Saúde (SES-DF) oferece diversas práticas integrativas gratuitas que podem auxiliar no tratamento da síndrome, além dos procedimentos medicamentosos.A Secretaria de Saúde oferece diversas práticas integrativas gratuitas que podem auxiliar no tratamento da fibromialgia | Foto: Breno Esaki/Arquivo Agência Saúde-DF

A acupuntura é uma delas. Segundo o médico Rodrigo Aires, referência técnica distrital (RTD) de reumatologia da SES-DF, o procedimento tem demonstrado eficácia no alívio da dor e no tratamento de inúmeras condições. Em pacientes com fibromialgia, a prática complementa os tratamentos tradicionais, trazendo melhora na qualidade de vida e nas práticas do dia a dia. “Durante as sessões, há um estímulo do sistema nervoso a partir dos acupontos, capaz, entre outras coisas, de liberar os músculos e neurotransmissores como a endorfina, que está relacionada ao prazer e à diminuição da dor”, explica.

As chamadas práticas integrativas em saúde (PIS) são entendidas como formas de cuidado que abordam a saúde do ser humano em sua multidimensionalidade. Isto é, atuam nos aspectos físico, mental, psíquico, afetivo e espiritual. Além da acupuntura, são exemplos de PIS oferecidas pela rede pública: arteterapia, auriculoterapia, automassagem, fitoterapia, homeopatia, lian gong em 18 terapias, medicina e terapias antroposóficas, meditação, musicoterapia, reiki, shantala, tai chi chuan, Terapia Comunitária Integrativa (TCI), ayurveda, ioga e Técnica de Redução de Estresse (TRE).
“Na SES-DF realizamos periodicamente a capacitação dos médicos da Atenção Primária à Saúde. O tratamento da fibromialgia é direcionado à redução dos principais sintomas desse distúrbio”Rodrigo Aires, médico e RTD em reumatologia

Mal generalizado

A fibromialgia caracteriza-se também pela desregulação da resposta ao estresse e pela associação a síndromes funcionais. A queixa central é dor musculoesquelética generalizada crônica, vinculada a sintomas como fadiga, distúrbio do sono e cognitivos (memória e concentração) e alterações de humor (depressão e ansiedade). “Com frequência, a doença associa-se a outras condições em que as sensações dolorosas do corpo são aumentadas, como a síndrome do intestino irritável e cefaleia”, diz o especialista.

Trata-se de uma doença mais comum entre as mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, de cada dez pacientes com o diagnóstico, sete a nove são do sexo feminino. No entanto, a síndrome também pode acometer homens, idosos, adolescentes e crianças.

O diagnóstico para a fibromialgia é clínico, baseado nos incômodos apresentados pela condição, sem a necessidade de qualquer exame subsidiário.

Sinais da doença

O principal sintoma é a dor difusa crônica, ou seja, em ao menos quatro das cinco regiões do corpo — braço direito, braço esquerdo, perna direita, perna esquerda e tórax. Normalmente, o paciente não consegue definir quando e em qual região as dores começaram. São elas:

→ Síndrome do intestino irritado;
→ Dor de cabeça crônica;
→ Fadiga;
→ Distúrbios de sono;
→ Transtornos de humor, como depressão e ansiedade;
→ Déficit de atenção e de memória;
→ Formigamento nas mãos;
→ Ardência ao urinar.

Como tratar

De acordo com Aires, a estratégia para o cuidado ideal da fibromialgia requer uma abordagem multidisciplinar com a combinação de tratamentos farmacológico e não farmacológico. Tudo deve ser elaborado em discussão com o paciente, conforme a intensidade da dor, sua funcionalidade e suas características, considerando ainda questões biopsicossociais e culturais.

Ao menos duas vezes na semana, pessoas com fibromialgia precisam realizar exercícios musculoesqueléticos. “Programas individualizados de exercícios aeróbicos podem ser benéficos para alguns pacientes. A intensidade depende da idade e da condição, atingindo o ponto de resistência leve, não o ponto de dor”, detalha o médico.

Em adição às atividades físicas, são utilizados também medicamentos para tratamento de dor crônica como analgésicos, antidepressivos, miorrelaxantes e anticonvulsivantes. “Na SES-DF realizamos periodicamente a capacitação dos médicos da Atenção Primária à Saúde. O tratamento da fibromialgia é direcionado à redução dos principais sintomas desse distúrbio”, complementa o RTD.

Os pacientes nessa condição devem ser acompanhados por médicos das unidades básicas de saúde (UBSs). Caso a fibromialgia esteja associada a alguma outra doença reumática, o usuário pode ser encaminhado à avaliação com especialista em hospitais regionais da rede que tratam a síndrome: Taguatinga (HRT), Sobradinho (HRS), Ceilândia (HRC), Gama (HRG), Santa Maria (HRSM), Asa Norte (Hran) e ainda no Hospital da Região Leste (HRL – Paranoá) e no de Base.

Fevereiro Roxo

Com o lema “Se não houver cura, que no mínimo haja conforto”, a campanha Fevereiro Roxo, apoiada pela SES-DF, surgiu em 2014 para conscientizar sobre doenças como Alzheimer, lúpus e fibromialgia. O intuito é compartilhar informações referentes a sintomas e tratamentos disponíveis, e mostrar que o diagnóstico precoce ajuda a trazer resultados positivos mais rapidamente, com grande impacto na qualidade de vida.

*Com informações da SES-DF