Programa De Cara Nova transforma áreas de descarte irregular com retirada do lixo e plantação de mudas. Até o final do ano, mais cinco cidades receberão a iniciativa.

Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

Desde janeiro deste ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) eliminou dez áreas de descarte irregular em ações do programa De Cara Nova, conduzido pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Durante as operações, foram retiradas mais de 7 mil toneladas de lixo e entulhos em lixões localizados no Paranoá, na Santa Maria, em Samambaia, em Ceilândia, no Gama, no Recanto das Emas, no Riacho Fundo II, no Varjão, em Brazlândia e no Itapoã.

A ação tem como objetivo erradicar pontos de descarte incorretos, que trazem uma série de prejuízos aos cofres públicos e à população. Segundo estimativa do SLU, são gastos por mês quase R$ 20 milhões com recolhimento de resíduos de construção civil e lixo em geral descartados de forma irregular. Além disso, áreas sujas auxiliam na proliferação de animais transmissores de doenças, como mosquitos Aedes aegypti, baratas e escorpiões.Em março deste ano, uma área verde atrás da Escola Classe 16, localizada na Ponte Alta do Gama, deixou de ser depósito de lixo | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília

“O SLU faz um trabalho constante de retirada de lixo e de entulho. Nós recolhemos mais de duas mil toneladas por dia. Mas notamos que estávamos limpando alguns lugares sem surtir efeito porque continuava a ser sujo. Pensamos, então, numa forma de incentivar a população a manter as áreas limpas e o De Cara Nova foi uma forma”, explica a chefe de Medição e Monitoramento do SLU, Andréa Almeida.

A cada 15 dias, o programa segue para uma região administrativa, onde é realizada uma semana de mobilização com ações educativas e de conscientização dos moradores da área, recolhimento dos descartes, plantio de mudas e trabalho gráfico nos muros próximos ao local.
“Além da transformação da área, nós costumamos colocar placas informativas alertando que é proibido jogar lixo e que é sujeito a multa e também informando onde é o papa-entulho mais próximo”Andréa Almeida, chefe de Medição e Monitoramento do SLU

“Além da transformação da área, nós costumamos colocar placas informativas alertando que é proibido jogar lixo e que é sujeito a multa e também informando onde é o papa-entulho mais próximo. Atualmente, o DF tem 23 equipamentos, que são espaços adequados para a população descartar restos de obra, móveis velhos e outros volumosos (exceto eletrônicos), restos de poda, material reciclável e óleo de cozinha usado”, diz Andréa Almeida. Os pontos de descarte podem ser conferidos no site do SLU.

Transformação


Em março deste ano, uma área verde atrás da Escola Classe 16, localizada na Quadra 6 na Ponte Alta do Gama, deixou de ser um depósito de lixo e passou pela transformação. Seis meses após a iniciativa do SLU o espaço continua modificado. Nunca mais os moradores viram lixos e entulhos serem descartados na área.Maria Carla Feitosa conta que o lixão a céu aberto acabava levando cheiro ruim e animais até a casa dela

“O pessoal tem mantido [o local] limpo. Antes jogavam de tudo, era um lixão mesmo. Tinha um bocado de coisa, até carne jogavam aí. Agora ficou bom demais”, avalia o servente José Vieira, 54 anos, que mora na região há 30 anos.

Quem também notou a diferença e comemora é a professora Maria Carla Feitosa, 31. “Era muito lixo. O pessoal cortava as árvores e jogava aí. Era uma bagunça. Agora está muito bom. Bem melhor do que antes”, define. Ela diz que o lixão a céu aberto acabava levando um cheiro ruim e animais até a sua casa. “O cheiro vinha todo para cá. Tinha muito rato e barata. Era péssimo. Agora melhorou bastante”, completa.

Devido ao sucesso do projeto, até o final do ano, o De Cara Nova vai passar por mais cinco cidades do DF. As ações estão programadas para áreas de descarte irregular em Vicente Pires, Sobradinho, Planaltina, Sol Nascente/Pôr do Sol e Estrutural.

O descarte irregular de lixo e de entulho é considerado crime ambiental. As multas partem de R$ 2 mil e podem chegar até R$ 200 mil. Os fiscais do SLU ficam responsáveis pela constatação das irregularidades e a orientação dos infratores com advertência. Já a multa é cumprida pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal).