Parceria entre o GDF e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) aplicou 45 mil doses e prevê aumento da cobertura e da situação cadastral dos usuários

Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

Fruto de um termo de cooperação entre a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) assinado em agosto de 2022, o projeto Vacina em Casa busca mapear a situação da saúde no DF e aumentar a cobertura vacinal contra a covid-19, a paralisia infantil e outras doenças imunopreveníveis. O movimento faz parte de uma força-tarefa da pasta para facilitar o acesso à imunização e deixar a população cada vez mais protegida. Nos primeiros seis meses da ação, foram aplicadas 45 mil doses de vacina.

Em uma busca ativa, colaboradores do programa Saúde da Família, da SES, visitam periodicamente residências para imunizar pessoas que não estão em dia com o calendário de vacinação. Os agentes também aproveitam para atualizar os dados dos vacinados no Sistema Único de Saúde (SUS). O Vacina em Casa já passou por 22 regiões administrativas e mais de 150 mil domicílios, realizando mais de 120 mil entrevistas.Acordo entre SES e Opas visa aprimoramento da capacidade técnica e institucional do SUS no DF | Fotos: Sandro Avelar/ Agência Saúde

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, lembra que o reforço das campanhas de vacinação no DF não se conteve às unidades fixas de saúde: “Além de ir até as casas das pessoas, nós levamos ações de imunização a mercados, shoppings, a feiras, ao zoológico, ao Eixão e até às festas e comemorações populares e culturais”. Para a gestora, os serviços de saúde devem estar onde a população está. “Este é o objetivo do projeto e de todo o nosso trabalho: alcançar e garantir à sociedade o acesso à rede de saúde pública de todas as formas possíveis”, conclui.

A SES prevê ações em 698 escolas da rede pública para atualização do cartão de vacina das crianças, com apoio das equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de cada região.


Jarbas Barbosa, diretor da Opas: “Nós não podemos perder as conquistas que já alcançamos e correr o risco de ter doenças erradicadas voltarem a circular”

Reconhecimento

O diretor da Opas, Jarbas Barbosa, destaca que a baixa adesão às campanhas de vacinação é a maior preocupação dos órgãos de saúde atualmente. “Se não tivermos estratégias inovadoras como estas implantadas no DF, trabalhadas em todo o mundo, não conseguiremos recuperar os índices de cobertura vacinal que precisamos”, avalia.

“O propósito de todo esse esforço conjunto é adaptar o SUS e pensar em novas ações para fortalecer os programas de imunização. Nós não podemos perder as conquistas que já alcançamos e correr o risco de ter doenças erradicadas voltarem a circular”, complementa Jarbas.

Parceria de sucesso

Nesta terça-feira (4), gestores da SES e da Opas apresentaram um termo de cooperação com os resultados alcançados por meio das ações e estratégias realizadas a partir do termo de cooperação e anunciaram os projetos planejados para os próximos anos. O documento é dividido em oito eixos de atuação, que contemplam vigilância, prevenção e promoção em saúde, fortalecimento da atenção primária, modernização de processos, educação profissional e fortalecimento da gestão.

“Além de ser algo inédito no DF, esse foi o primeiro termo de cooperação assinado com novos instrumentos de gestão e parceria. Ele permite uma atuação mais ampla e que visa trazer inovação para o SUS como um todo. Com ele, foi possível desenvolver projetos extremamente vantajosos para a gestão da saúde, mas, especialmente, para quem importa: a população”, explica a representante da Opas/OMS no Brasil, Socorro Gross.Socorro Gross destaca que o Vacina em casa trouxe “projetos extremamente vantajosos para a gestão da saúde, mas, especialmente, para quem importa: a população”



Desde a oficialização da parceria, já foram assinados três termos de ajuste (TAs) para a implementação das estratégias. O primeiro, de dezembro de 2021, define um plano de ações no âmbito da Vigilância Sanitária no DF (Divisa), buscando a implementação do registro digital de vacinação e da informatização dos formulários de inspeção, investigação e notificação sanitária.

Já o segundo, ratificado em 2022, trouxe estratégias para a Atenção Primária à Saúde (Coaps) de ampliação da imunização, qualificação dos profissionais de saúde e aprimoramento do cuidado oferecido à população. Além do projeto Vacina em Casa, que contribuiu para todos esses objetivos, 9.420 equipamentos foram comprados para 165 UBSs. Ainda há previsão de capacitar as equipes de atendimento primário para implementar atividades de estratégia de saúde da família e práticas integrativas, garantindo um cuidado mais completo e diverso.

Instituído em maio de deste ano, o terceiro TA, voltado ao fortalecimento do controle e da participação social no SUS na capital federal, resultou na realização da 11ª Conferência Distrital de Saúde. Este é o espaço mais importante de diálogo entre governo e sociedade para a construção das políticas públicas de Saúde. As diretrizes e propostas definidas no evento, que ocorre a cada quatro anos, estão sendo apresentadas nesta semana na 17ª Conferência Nacional de Saúde.

O futuro

A publicação de um quarto TA, também sobre imunização, deve sair ainda em 2023. O foco será o fortalecimento da vacinação humana e de pets na capital, com a utilização de serviços como o Carro da Vacina, assim como a realização da varredura de cobertura e situação cadastral dos usuários.

Na esteira do planejamento, está prevista ainda a assinatura de outros dois termos até o final do ano. Dessa vez relacionados à atuação do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), visando a qualificação, a capacitação e a certificação dos profissionais da unidade; e da Gerência de Práticas Integrativas (Gerpis), a fim de ampliar a rede de equipamentos, fortalecer o acesso à saúde integrativa e incentivar o aproveitamento de todas as políticas de saúde, inclusive nas escolas em ações integradas com a Secretaria de Educação (SEE).

Mas não acaba por aí. Outros TAs já estão em construção, programados para implementação até 2026. Os projetos são voltados às áreas da assistência farmacêutica, da atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade, da tecnologia da informação e da saúde suplementar.

*Com informações da Secretaria de Saúde