Até onde um sonho pode te levar? Até onde podemos superar limites? Quem pode responder estas e outras perguntas é a brasiliense e atleta Maria Alice Oliveira, de 50 anos, que superou uma doença séria e vai levar o nome de Brasília para outro continente, no próximo dia 11 de abril.
Transplantada, a maratonista vai participar do World Transplant Games Federation (WTGF) _ Jogos Mundiais para Transplantados, em Perth, na Austrália, de 15 a 21 de abril, por meio do Compete Brasília, programa da Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal, que viabiliza passagens terrestres e aéreas para atletas de Brasília.
Maria Alice, que é professora aposentada, moradora do Gama, mãe de dois filhos, portadora de hepatite autoimune ela conta que a doença acabou evoluindo para uma cirrose hepática, diagnosticada em 2007. A atleta foi submetida a um transplante de fígado, em 2013, e após passar por todo processo, decidiu tornar-se corredora e desde então, participa de maratonas e corridas no Distrito Federal, no Brasil e agora, no mundo. “Recebi minha nova vida. Não estou curada, o transplante é um tratamento, que deu muito certo pra mim”, disse.
A brasiliense conta que em 2014, um ano após o transplante, começou a participar de corridas de rua no DF, a convite de um amigo. “Não parei mais”. Com mais de 200 competições no currículo, ela faz parte da Liga de Atletas Transplantados do Brasil. O despertar para sair do amadorismo veio após conquistar a medalha de ouro nos Jogos Brasileiros para Transplantados, em setembro de 2022, na cidade de Curitiba. Desde então, ela foi 5°lugar (categoria), na Copa Centro-Oeste de Atletismo Master, em Brasília; 1°lugar (categoria) nos Jogos Brasileiros para Transplantados, em Curitiba; Troféu especial na Night Run Cidade Ocidental, em Goiás; e reconhecimento especial, na Corrida Volta do Lago Cidade Ocidental, em Goiás, entre outras conquistas.
É a primeira vez que a atleta viaja para fora do Brasil e participa de uma competição internacional e afirma que o Compete fará parte de sua vida. “O Compete Brasília vai fazer parte da minha vida de atleta a partir de agora, além desta competição que já é uma certeza, pois já recebi as passagens, das mãos do secretário Júlio. Daqui dois anos tem o mundial da Alemanha, em maio, o de João Pessoa, na categoria de transplantados, e eu quero participar de todos. Vou fazer quantas solicitações puder. O Compete é um projeto maravilhoso e que apoia efetivamente os atletas”, destaca, ansiosa.
Alice afirma que muitos competidores de outros estados não vão participar por falta de apoio do governo local e do estadual. “Para esta competição na Austrália, conheço muitos atletas que vão deixar de participar por falta de recurso, e o DF está sempre a um passo à frente. “Para nós, esportistas, é essencial ter sempre o apoio do Compete Brasília, sem ele, seria inviável, pois eu não teria como custear as passagens. Isso nos motiva a continuar”, ressalta.
O Secretário de Esporte e Lazer do DF, Julio Cesar Ribeiro, avalia a trajetória da Maria Alice é afirma que sua história é de resiliência e de inspiração. “O esporte é feito de várias conquistas. Para nós, ela já é campeã e não vamos medir esforços para apoiar nesse processo de recuperação e superação. Esta é a primeira competição internacional de muitas em sua vida e tenho certeza do êxito da nossa atleta. A Secretaria de Esporte do DF não faz exclusão e apoiamos todas as categorias e modalidades. Esporte é vida, esporte é inclusão”, afirma.
Sobre os jogos
A World Transplant Games Federation (WTGF) receberá mais de 3.000 atletas transplantados, que ficarão juntos por uma semana, celebrando o maior presente, a vida. Os jogos são abertos a todos os que receberam transplantes de coração, pulmão, fígado, rim, pâncreas, células-tronco e medula óssea. Esta será a terceira vez que os jogos serão realizados na Austrália, com os Jogos anteriores em Sydney em 1997 e na Gold Coast em 2009. A WTGF é realizada a cada dois anos e têm dois objetivos, promover a doação de órgãos e a necessidade das comunidades se comprometerem a salvar outras pessoas, além de incentivar os receptores de transplantes a terem uma vida ativa e saudável.
Fotos: Edmundo Souza
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