No mês da conscientização da doença, o Março Lilás, especialistas fazem alerta sobre o quarto tumor mais incidente nas mulheres.
Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto
Apontado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) como o quarto tumor que mais acomete mulheres, o câncer de colo de útero é o tema de conscientização do Março Lilás. O objetivo da campanha é alertar para a doença, que deve ter 17 mil novos casos no Brasil entre 2023 e 2025, correspondendo a um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.
“A prevenção primária tem enfoque em controlar o fator de risco da doença, que é o HPV; é a prevenção mais efetiva”Gustavo Ribas, oncologista
“Essa campanha é fundamental; é muito importante para a gente ter esse enfoque no câncer de colo uterino no que se refere à prevenção e à promoção de saúde”, explica o chefe da Assessoria de Política de Prevenção e Controle do Câncer (Asccan) da Secretaria de Saúde (SES), o oncologista Gustavo Ribas.
Considerado silencioso, o câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), chamados de tipos oncogênicos. A vacina contra o HPV e o rastreamento pelo exame citopatológico, conhecido como papanicolau, são os dois métodos de prevenção primária e secundária. Ambos estão disponíveis na rede pública de saúde do Distrito Federal.A médica Fernanda Dalcolmo recomenda exames preventivos. “Temos condições de detectar essas alterações precocemente e não deixar que um dia se transforme no câncer do colo do útero” | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
Exames
“A prevenção primária tem enfoque em controlar o fator de risco da doença, que é o HPV; é a prevenção mais efetiva”, afirma Gustavo Ribas. “O grande poder biológico da vacina é nas pessoas que não iniciaram a atividade sexual, porque as outras já podem ter sido expostas ao vírus. Esse é o grande objetivo da vacina”. A vacinação foi iniciada no DF em 2014. Com a cobertura vacinal voltada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, estima-se que a imunização vá ter um impacto populacional nos próximos 20 anos.
Para as mulheres entre 25 e 64 anos, a principal forma de detecção precoce é a realização do exame citopatológico, em que são obtidas por raspagem do material do colo do útero para detectar alterações nas células. O método é oferecido nas unidades básicas de saúde (UBSs). Em 2022, a rede pública realizou 42,5 mil exames – número maior do que os registrados em 2021 e 2020, quando foram feitos 36.384 e 41.733, respectivamente.
Colposcopia
Caso durante o exame preventivo seja identificada alguma lesão, a mulher é encaminhada para a realização da colposcopia, responsável pelo diagnóstico do câncer através de um aparelho que se assemelha a um binóculo e examina o trato genital feminino.
“É um exame complementar em que procuramos com o aparelho e o uso de algumas substâncias, que, na maioria das vezes, são decorrentes da infecção por HPV”, explica a ginecologista do Ambulatório de Colposcopia e do Patologia do Trato Genital Inferior do Centro Especializado em Saúde da Mulher (Cesmu), Fernanda Dalcolmo. “Temos condições de detectar essas alterações precocemente e não deixar que um dia se transforme no câncer do colo do útero”.
Em 2022, a SES realizou 499 colposcopias, procedimentos que em 2021 foram 796 e, em 2020, 850. “A melhor prevenção é o rastreio, fazendo o preventivo, porque, na maioria das vezes, as alterações de colo de útero não têm sintoma”, revela a médica. “Quando [a mulher] passa a ter, já está em fase muito avançada”.
Quando a doença está em fase mais invasiva, os sintomas mais comuns são sangramento vaginal anormal, secreção vaginal, dor durante a relação sexual e dor na região pélvica. Sinais como inchaço nas pernas, problemas ao urinar ou evacuar e sangue na urina também são indicativos na fase mais avançada. O tratamento é feito com cirurgia e radioterapia, a depender do caso.
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