Elas deram testemunho sobre recuperação e vida pós-obesidade. Especialistas destacam a importância da prevenção e do tratamento da doença.
Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo
O Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh) realizou, nesta quarta-feira (15), um bate-papo entre mulheres que venceram a obesidade e especialistas clínicos. As pacientes deram testemunho sobre o processo de tratamento, recuperação e vida pós-obesidade. E os profissionais destacaram a importância da prevenção e do tratamento da doença.
“Neste ano, em alusão ao Dia Mundial da Obesidade, celebrado em 4 de março, o Cedoh escolheu falar sobre a obesidade entre nós mulheres. Durante as fases da nossa vida, a obesidade pode trazer diversos problemas de saúde, além de sofrimento, isolamento e culpabilização”, afirma a endocrinologista e gerente do Cedoh, Alexandra Rubim.A gerente do Cedoh, Alexandra Rubim, diz: “Quando conversamos, debatemos e compartilhamos, podemos mudar estigmas, orientar de forma clara as causas profundas da obesidade e transformar ações individualistas em estratégias comunitárias” | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde
Segundo dados de 2020 do Ministério da Saúde, 20% da população brasileira apresentam obesidade e o público feminino tem prevalência nesse número. Infertilidade, diabetes tipo II e síndrome dos ovários policísticos são alguns dos problemas trazidos pela obesidade. Por isso, é fundamental a implantação de políticas públicas voltadas para o tratamento das comorbidades e a discussão da importância da prevenção e do tratamento da doença.
“Acreditamos que, quando conversamos, debatemos e compartilhamos, nós podemos mudar estigmas, orientar de forma clara as causas profundas da obesidade e transformar ações individualistas em estratégias comunitárias”, explica a gerente do Cedoh.
Centro de referência
O Cedoh é uma unidade da atenção secundária da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) e foi idealizado por diversos profissionais, incluindo médicos, nutricionistas e psicólogos. Em 2017, os atendimentos foram iniciados com uma equipe multidisciplinar especialista em doenças crônicas não transmissíveis, especialmente diabetes, hipertensão e obesidade.
“A nutrição é umas das pernas do tratamento. A gente busca que as mulheres desenvolvam uma relação amigável com o alimento, porém conscientes da importância de controlar as quantidades e a qualidade do alimento. É um processo individualizado de reeducação alimentar que acaba impactando não só elas, mas toda a família”Cassia Regina Luz, nutricionista
Na SES, existem ambulatórios de endocrinologia distribuídos nas sete regiões de saúde, com médicos endocrinologistas preparados para atender casos de obesidade. Os pacientes são encaminhados pelo sistema de regulação por meio das unidades básicas de saúde (UBSs) e, após o atendimento médico, são direcionados para acompanhamento com psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais.
“A nutrição é umas das pernas do tratamento. A gente busca que as mulheres desenvolvam uma relação amigável com o alimento, porém conscientes da importância de controlar as quantidades e a qualidade do alimento. É um processo individualizado de reeducação alimentar que acaba impactando não só elas, mas toda a família”, ressalta a nutricionista Cassia Regina Luz.
A técnica de enfermagem aposentada Maria Sueli Fernandes é uma das atendidas pelo Cedoh. “O centro é referência nesses atendimentos. Cheguei com diabetes, hipertensão e pesando 94 kg. E tive um acolhimento excepcional pela equipe multidisciplinar, comecei meu tratamento e hoje estou com 72 kg”, conta, animada.
A produtora cultural Neidilena Nobre, que também compõe o grupo, desenvolveu a obesidade devido à medicação que utiliza para tratamento de uma doença autoimune. “Eu estava em um estágio bem sério que me levou ao desenvolvimento de outras doenças. Fui acolhida pelo programa, comecei o tratamento com diversas especialidades e isso mudou a minha vida completamente”, relata.
O acompanhamento psicológico é outra parte fundamental do tratamento da obesidade. “Muitas vezes, o paciente não tem consciência do que o levou a desenvolver a obesidade. Às vezes, a obesidade é resultado de uma defesa. A compulsão alimentar vem para minimizar uma angústia existencial ou um trauma vivido. A psicologia leva a essa consciência e consequentemente contribui para o manejo da angústia, da ansiedade e do autocontrole”, explica Maria Fernanda de Carvalho, psicóloga do Cedoh.
O debate promovido pelo centro foi mais uma forma de mostrar que falar sobre obesidade e seus desdobramentos é sempre fundamental. “Conversar sobre esse assunto nem sempre é fácil, mas, juntas e com respeito e cuidado, isso é possível”, conclui a gerente do Cedoh.
*Com informações da Secretaria de Saúde
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