Conforme relatado por estabelecimentos, os produtos que mais cresceram de preço foram os itens com papel e de plástico, como cadernos e pastas
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Próximo ao retorno às aulas em boa parte das escolas do Distrito Federal, a procura por materiais escolares nas papelarias cresce cada vez mais. Apesar do impacto da inflação no setor, com elevação de preços em cerca de 9,54% em um ano, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), atualizado em 23 de dezembro do ano passado, o fluxo de clientes dentro das papelarias registrou aumento entre dezembro e este início de janeiro.
Na Casa do Colegial, na Asa Sul, os pais de alunos das escolas da região começaram a procurar os materiais para o ano letivo de 2023 ainda no mês de outubro do ano passado. De acordo com a diretora do estabelecimento, Flora Vilarino, o estoque utilizado atualmente foi comprado em maio de 2022, para abastecer a crescente demanda até o início das aulas.
Apesar da busca desde outubro, nesta primeira semana de janeiro, comparado ao mesmo período do ano passado, as vendas na loja aumentaram em 18%. Em 2022, porém, o crescimento foi de 97%, quando a pandemia estava mais controlada na capital, em comparação a 2021. “Agora está ficando bem mais intenso. […] Sempre existem aqueles pais que deixam para última hora e, já para evitar tumultos depois, vamos começar a abrir aos domingos”, afirmou Flora.
Um dos focos dos pais ao ir ao estabelecimento, segundo a diretora do comércio, é a busca por uniformes. Restritas por quase dois anos, as crianças tiveram de renovar as roupas escolares porque cresceram e os itens comprados anteriormente já não cabem mais. “Quantos pais não vieram um ano depois para trocar o uniforme, porque os filhos nem usaram”, comentou a gerente da unidade, Socorro Mamede.
No Armarinho São Paulo, em Taguatinga, o gerente Matheus Marques também destaca que a quantidade de clientes dentro da loja aumentou de forma significativa, com a maioria buscando justamente materiais escolares. Conforme relatou, tanto o fluxo de pessoas quanto o faturamento já dobraram com os itens.
“Às vezes, dependendo da quantidade de filhos, vale a pena comprar no atacado ao invés de comprar um por um no varejo em outras lojas. Aqui temos pacotes com quatro cadernos, potes de canetas com 50 unidades, por exemplo”, destacou Matheus. As procuras na loja são principalmente por cadernos, mas muitas famílias também buscam mochilas, garrafinhas, lápis normais e de cor, canetas, entre outros.
A estratégia da loja é vender no atacado para outros comerciantes que irão revender os materiais, mas muitos pais e mães decidem fazer pesquisa de preço no local, a fim de conseguir o melhor preço possível nos produtos comprados. Ainda assim, a diferença mais alta de preço para o ano passado é notada pelos clientes, padrão que se repete também em outras papelarias.
Produtos mais caros
Conforme relatado nos dois estabelecimentos comerciais, os produtos que mais cresceram de preço foram os itens com papel e de plástico, como cadernos e pastas. Flora, da Casa do Colegial, explicou que a elevação foi de cerca de 20% a 30%. Segundo os fornecedores, os responsáveis são a falta de matéria prima, a inflação e os custos para o trajeto, com o Diesel mais caro.
Para fugir dos impactos dos aumentos, Matheus, do Armarinho São Paulo, destacou que o estabelecimento preferiu mudar o fornecedor de alguns produtos de papelaria, como a cartolina. “Pesquisamos os melhores para poder passar um valor melhor nas vendas”, disse. Segundo ele, é importante manter a confiança da loja para com os clientes.
Ao repassar os valores, ambas as lojas buscam oferecer os preços mais baixos em relação à concorrência, para garantir que os clientes consigam todas as necessidades de uma só vez com o melhor custo-benefício. Na Casa do Colegial, dependendo da compra feita pelos pais, é possível conseguir descontos no valor final dos produtos.
“A gente começa a dar desconto normalmente em outubro, indo até 30 de novembro. Mas esse ano escutamos até dezembro, e depois continuamos com o desconto para pagamentos à vista também em janeiro. […] Para os livros didáticos, tiramos 5% do valor, e para os itens de papelaria, damos 10% de desconto”, afirmou Flora. Pelo desconto, a maioria dos clientes prefere pagar à vista, uma vez que o desconto também se estende para os uniformes.
Rodrigo Malenha, 42, foi com a filha Sofia, 10, na Casa do Colegial para fazer as compras do colégio particular onde a pequena estuda, na Asa Norte. No local, o gestor de Tecnologia da Informação foi em busca dos livros didáticos do 5º ano e preferiu pagar à vista pelos exemplares – os materiais de papelaria como lápis, borracha e cadernos já haviam sido comprados em outra loja.
A percepção que teve ao fazer as compras é de que “está tudo mais caro”. A família planejou utilizar um determinado valor para as compras de início de ano, mas por uma parceria entre a escola e a livraria, tiveram de adaptar os planos e reorganizar as finanças. Segundo ele, não houve exageros na lista escolar passada pela instituição de ensino.
Para economizar, o uniforme não será uma prioridade neste primeiro momento. “Vamos continuar com o do ano passado mesmo até não caber mais”, brincou o pai. “Já passamos hoje umas duas horas resolvendo tudo, conseguimos achar o que precisamos”, finalizou.
A professora Maria do Carmo, 48, que foi fazer as compras do novo ano letivo em Taguatinga, no Armarinho São Paulo, conta que a maior dificuldade é encontrar cadernos bons com os melhores preços. Por isso, ela prefere fazer a compra no atacado, com pacotes de caderno em conjunto. Ela foi com a filha, Maria Eduarda, 15, estudante do 2º ano do Ensino Médio.
“O preço subiu muito desde a última vez que a gente comprou”, pontuou a estudante. “O [conjunto com quatro cadernos] mais caro que vimos nas pesquisas do ano passado, que eu me lembre, era por volta de R$ 60,00. Hoje a gente encontrou de R$ 110,00, por exemplo”, disse Maria Eduarda. Esses valores, porém, estão fora da faixa de preço que pretendem utilizar para comprar os materiais.
O valor ideal que gostariam de gastar com os cadernos era de no máximo R$ 55,00, mas pelo que encontraram nas papelarias onde foram, o preço parece estar fora de cogitação. “Está caro como todas as coisas”, comentou Maria do Carmo. O jeito, segundo ela, é se adaptar da melhor forma possível. As compras no atacado é que fazem a diferença no orçamento, segundo ela.
“Os gastos são maiores porque acaba se gastando mais com esses materiais escolares em janeiro. […] Durante o ano, tento economizar em torno de 20% em cada mês para poder comprar o material em janeiro”, explicou.
Fonte: Jornal de Brasília
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