Não foi por mero acaso que o grande presidente Juscelino Kubitscheck transferiu para o coração do Brasil a capital do pais. O Distrito Federal não tem nome de estado como as outras unidades da federação justamente porque possui uma singularidade: pertence ao mesmo tempo a todos os brasilenses que vivem neste quadrilátero simbólico do mapa do Brasil, mas pertence antes de tudo a todos os brasileiros. O Distrito Federal foi idealizado por um dos maiores símbolos da nossa democracia para ser a “capital da Esperança”, o símbolo de um país que olha para frente, que concilia passado, presente e futuro. O Distrito Federal é o coração da democracia.
As atribuições de quem governa o DF são previstas, inclusive, na Constituição Federal. E o seu papel de garante das instituições se observa no fato de que todas as despesas com segurança pública são custeadas por todos os brasileiros, através do governo federal, assim como parte dos investimentos em saúde e educação. Isso mostra a particularidade do Distrito Federal e seu papel incomparável no cenário institucional do país.
O Distrito Federal é um lugar que pertence a todos os brasileiros e não a nenhuma parte, pertence à nacionalidade, tem o dever de proteger os símbolos da pátria, os representantes de outros países acreditados no Brasil, indiferentemente das posições políticas que esses países defendam. O Distrito Federal deve ser sempre aquele espaço em que a tolerância e a diversidade convivam em harmonia absoluta com a institucionalidade. Deve ser por si mesmo um exemplo vivo do que é uma democracia pulsante.
Vejo-me hoje como governadora interina diante da grande responsabilidade de estar à frente da cidade que eu amo tanto num momento que considero importante e saneador para a nossa História. Brasília foi construída por edificações, mas seu maior alicerce é o simbólico: nunca podemos deixar erodir a ideia de que Brasília foi feita para ser não só uma capital, mas a capital de um Brasil melhor, mais justo, uma capital de todos independentemente das diferenças, a capital da Democracia. Tenho a sorte de pertencer a um governo que foi reeleito pela primeira vez em muitas décadas, justamente por saber conciliar os anseios da população do DF e a postura republicana, sóbria e de ampla acuidade legalista. É com a equipe deste governo reeleito, com lealdade absoluta à vontade popular que ele representa, que estarei somando forças com as autoridades federais nesse momento mais crítico que, esperamos todos, seja superado e equacionado o quanto antes.
Existem muitas formas de encarar traumas e situações adversas. Como mulher, integrante da bancada feminina em meu mandato como deputada federal, liderei com minhas colegas muitas lutas em favor das inúmeras mazelas que ainda persistem numa sociedade em que a violência de gênero, o preconceito, a desigualdade e inúmeras outros atos abomináveis fazem parte do dia a dia de milhões de brasileiras. Eram tragédias, crueldades, barbaridades e problemas complexos que tínhamos de enfrentar e muitos deles, infelizmente, ainda continuam sem solução. Mas naquelas horas, como hoje, sempre entendi e continuo entendendo que o primeiro passo para a solução de um problema é identificá-lo. Depois, é enfrentá-lo sem tréguas. Em seguida é persistir, nunca desistir.
Nesse sentido, eu me considero uma otimista em relação ao Brasil e à nossa Democracia. O Distrito Federal, que sempre foi um parceiro fiel das instituições nacionais, será ainda mais articulado com os diversos atores que devem defender este símbolo que chamamos Brasília. O governo federal está fazendo a sua parte e aperfeiçoando os seus mecanismos internos de funcionamento. O Judiciário, agindo sem tibieza. O Congresso Nacional, oferecendo os instrumentos constitucionais para salvaguardar a Democracia. Podemos ver tudo que aconteceu como um episódio que merece repúdio – e merece. Mas podemos ver também que a História registrará que o coração da Democracia reagiu e bateu mais forte. A Democracia está viva. Brasília continua sendo a capital da Esperança, como sonhou seu criador.
0 Comentários