Adolescentes com idades entre 15 e 17 anos, frequentadores do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Estrutural, fazem trabalhos artísticos e têm bate-papos sobre uma sociedade com direitos iguais para todos
Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo
Valorizar as raízes e ter consciência sobre a importância de ter uma sociedade com direitos iguais para todos. Esse é o objetivo de um projeto desenvolvido durante todo o mês de novembro pelo Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (Cecon) Estrutural com adolescentes entre 15 e 17 anos de idade que frequentam a unidade. A ideia é aproveitar o Dia da Consciência Negra (20) para estimular a reflexão sobre o racismo e às desigualdades sociais que fazem parte da realidade da comunidade.
“O mês da Consciência Negra é fundamental para chamar a atenção, fazer a sociedade refletir sobre racismo estrutural”Ana Paula Marra, secretária de Desenvolvimento Social
“Esse é um tema que gera uma identificação, porque faz parte da realidade deles. Os adolescentes também sugeriram músicas que trazem uma crítica social para serem trabalhadas, trouxeram questões relacionadas ao racismo. Houve, de fato, um engajamento”, relata o educador social do Cecon Estrutural, responsável pelo grupo, Kenneth Toyohico Mizusaki.
Atualmente, o Cecon Estrutural atende 61 adolescentes entre 15 e 17 anos e 88 adultos e idosos. A unidade é gerenciada pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). No caso, o percurso Consciência Negra é realizado apenas com os adolescentes. Percurso são os projetos desenvolvidos mensalmente no âmbito do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).O Cecon Estrutural trabalha com 61 adolescentes entre 15 e 17 anos, até o dia 29, temas como preconceito, cultura escravista e racismo estrutural | Fotos: Divulgação/Sedes
De acordo com o educador social, todo o percurso foi planejado para trabalhar o tema de forma diversa, com trabalhos manuais, música, filmes, bate-papos e de capoeira. “Utilizamos a arte de forma livre, mas com a cultura afro como pano de fundo, buscando mostrar para eles como a influência africana está presente no nosso dia a dia”, conta.
Os adolescentes fizeram pintura em tela ou cartolina, utilizando tintas, tecidos, sementes e papéis coloridos para a composição das imagens. Uma das atividades teve como foco os movimentos corporais básicos da capoeira de Angola, com orientações sobre a roda de capoeira, canto responsivo, cantigas de roda, apresentação de instrumentos musicais africanos e prática rítmica.
“Falar sobre consciência negra é de grande relevância em nosso território, para além da celebração da riqueza da cultura afro-brasileira e sua influência em nosso país por trocas culturais ocorridas por vários séculos e pelo delineamento da identidade cultural. É um momento que favorece a discussão sobre as desigualdades sociais e o combate ao racismo estrutural”, pontua a chefe do Cecon Estrutural, Regina Maria do Nascimento.
Combate ao racismoOs adolescentes fizeram pintura em tela ou cartolina, utilizando tintas, tecidos, sementes e papéis coloridos para a composição das imagens
Além dos trabalhos artísticos, a unidade também planejou momentos de bate-papo com os adolescentes para falar sobre preconceito, cultura escravista e a necessidade de combater o racismo estrutural. Um dos temas discutidos foi a política de cotas e a importância dessa estratégica na redução das desigualdades raciais históricas.
Segundo o educador Kenneth Mizusaki, “a ideia é fazer desses momentos de atividades no Cecon um espaço de troca. Por meio dessas rodas de conversa, nós conseguimos esclarecer e empoderar esses adolescentes em relação a esses temas. É um momento também de respeitar as vivências deles, de dar a eles um lugar de fala”.
O percurso com os adolescentes termina no dia 29 com um passeio ao cinema para assistir ao filme Pantera Negra: Wakanda para sempre. Os ingressos foram doados por meio de uma parceria da Sedes com a Vê Cultura (SP). O filme traz uma discussão sobre o protagonismo do povo negro. A ideia da atividade é fazer depois um bate-papo traçando um paralelo com o filme, ressaltando a importância da valorização dos mitos, lendas, crenças e religião de matrizes africanas.
“Atividades como essas são estratégias importantes para mostrar a esses adolescentes o quanto o racismo e o preconceito podem ser prejudiciais para todos e a importância de lutar por espaços mais igualitários na sociedade”, destaca a secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra. “O mês da Consciência Negra é fundamental para chamar a atenção, fazer a sociedade refletir sobre racismo estrutural”, avalia.
Cecon
O Distrito Federal tem 16 centros de convivência e fortalecimento de vínculos gerenciados diretamente pela Sedes, além do SCFV, que é executado nas instituições parceiras e em quatro centros de referência de assistência social (Cras).
O diretor de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Sedes, Clayton Andreoni Batista, lembra que utilizar datas alusivas é uma estratégia importante para maximizar o alcance dos objetivos almejados e ampliar as possibilidades de enfrentamento das situações de vulnerabilidade. “Para serem efetivas e alcançarem os objetivos planejados, as estratégias escolhidas pelos educadores sociais devem levar em consideração as realidades locais, o perfil e o contexto vivenciado pelos usuários atendidos e suas famílias. Nesse sentido, datas alusivas, como o Dia da Consciência Negra, podem ser utilizadas como pano de fundo para o desenvolvimento dos percursos, possibilitando discussões e reflexões que contribuem para o desenvolvimento de competências individuais e relacionais em diferentes níveis: comigo, com o outro e com a minha comunidade”, explica.
*Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social
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