Segundo Codeplan, mais da metade da população do DF já nasceu aqui. Novas gerações têm variedade linguística única, com pronuncia suavizada das letras R e S, por exemplo, revela pesquisa.

Por g1 DF e TV Globo

Brasília é mistura pessoas e culturas de todo país, mas tem sotaque próprio

Brasília completou 62 anos, na última quinta-feira (21), como uma cidade que já possui "a própria cara e o próprio sotaque". Segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal(Codeplan-PDAD, 2018), 55,3% da população do DF é formada por pessoas que nasceram na capital.

Isso fez com que a identidade dos moradores – que antes misturava sotaques e culturas de todo o país – tenha conquistado características únicas, aponta a pesquisadora Rosineide Magalhães de Souza, doutoranda em linguística da Universidade de Brasília (UnB),

"'Brasília é uma miscelânea de cultura, de identidade. Isso começou com a criação de Brasília, com a vinda de pessoas de outras regiões do Brasil e é onde começa essa sobreposição de falas. Com o passar do tempo, hoje, nós temos uma focalização, que são essas características do falar brasiliense", diz ela.

Segundo Rosineide, "o candango foi quem veio de fora, construir Brasília. Já os que nasceram aqui, os brasilienses da segunda e da terceira geração, são os chamados calangos, que prenderam a viver no Centro-Oeste, no quadradinho" e, são eles, que desenvolveram, entre outras características, o sotaque brasiliense.

"O brasiliense tem uma forma mais amenizada de pronunciar o R, o que nós chamamos de rótico e você pode ver que, no final de sílabas, o som do rótico quase não aparece. Da mesma forma o S é mais suavizado", diz a pesquisadora.

Alunos de escola pública do DF, em frente à Catedral de Brasília — Foto: Renato Braga/Secretaria de Turismo do DF

Outra característica, aponta a pesquisadora, é o uso da semivogal: "Em algumas palavras, por exemplo 'vez', o brasiliense fala 'veiz", explica. No entanto, de acordo com a pesquisadora, o sotaque brasiliense não está só na pronuncia.

"Nós podemos falar também de uma variedade lexical. Por exemplo, onde tem tesourinha? Em Brasília. Onde tem balão? Onde tem camelo? Só em Brasília", diz ela.

G1 DF