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Rodas de conversa e concertos estão na agenda que promove as áreas de pintura, escultura, arquitetura, música, dança e literatura​​​​​​​.

​​​​​​​Divulgação: “Abaporu", de Tarsila do Amaral (1928) - reprodução / Fotos: Walda Marques (UFRJ)

A Fundação Nacional de Artes – Funarte, por meio do programa Arte de Toda Gente, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), homenageia os 100 anos da Semana de Arte Moderna com uma série de eventos ao longo de 2022. A agenda promove as áreas de pintura, escultura, arquitetura, música, dança e literatura, tal qual a programação originalmente realizada em São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922. Na ocasião, os organizadores sinalizavam para o rompimento com a arte acadêmica e o compromisso com a independência cultural, além da valorização de uma arte "mais brasileira". As ações realizadas pela Funarte e UFRJ também poderão ser assistidas pelo canal da Fundação e do Arte de Toda Gente no YouTube.

Sobre a Semana de Arte Moderna de 1922

Considerada um marco no Modernismo brasileiro, a Semana de Arte Moderna de 1922 teve como palco principal o Theatro Municipal de São Paulo. Grandes nomes da arte brasileira participaram, direta ou indiretamente, do festival que incluiu exposição aberta, no saguão do Theatro, com cerca de 100 obras, e três sessões literomusicais noturnas. Graça Aranha, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Guiomar Novaes, Menotti del Picchia, Victor Brecheret, estavam entre eles. Os artistas, influenciados pelas vanguardas europeias e pela renovação geral no panorama da arte ocidental, uniram seus esforços para apresentar suas produções. Apesar da força literária do grupo modernista, as artes plásticas eram a principal base do movimento.

O evento foi considerado um divisor de águas na cultura brasileira e sua principal função foi romper o conservadorismo vigente no cenário cultural da época. Segundo os especialistas, não havia um conceito que unisse os artistas, nem um programa estético definido. Àquela altura, os artistas e intelectuais buscavam se distanciar do tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica.
A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país fizeram do modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção que seria realizada sob a influência de 1922.

Ações de abertura da programação dos 100 Anos da Semana de Arte Moderna

O Teatro Dulcina, no Centro do Rio de Janeiro, recebe dois concertos em comemoração aos 100 anos da Semana de Arte Moderna, tendo como foco duas linguagens artísticas que também fizeram parte do evento em 1922: a literatura e a música. O primeiro concerto, dia 18 de fevereiro, às 19h, tem por tema A poesia modernista na canção de câmara brasileira. Na apresentação, o barítono Inacio de Nonno e a pianista Caroline Barcellos abordarão um amplo repertório produzido por compositores de diferentes gerações, que traduziram em música poesias de autores como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes.

No dia 19 de fevereiro, também às 19 horas, o segundo concerto é centrado no repertório instrumental e tem por tema O Modernismo antes e depois da Semana de 22, que procura mostrar que a tendência já se fazia presente nas artes brasileiras antes do evento em São Paulo. O programa é centrado na obra de Villa-Lobos, único compositor convidado em 1922 e que ocupou boa parte da programação. O “antes da Semana” é representado por três números da “Prole do Bebê No.1”, uma suíte de peças para piano composta em 1918, e pelas “Três Danças Africanas”, compostas originalmente para piano entre 1914 e 1915, mas transcritas para octeto, versão que estreou em 1920, no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro.

A versão para octeto das “Três Danças Características Africanas” foi uma das obras apresentadas por Villa-Lobos na Semana de Arte Moderna de 1922. O “Depois da Semana” é representado pelos Choros No.2, para flauta e clarineta, obra dedicada a Mário de Andrade. Nessa composição, Villa-Lobos transpõe para o universo da chamada música erudita, o ambiente sonoro dos chorões cariocas. A prática de utilização de material de origem folclórica e popular, já presente na produção de Villa-Lobos e que se tornaria uma das características do modernismo nacionalista brasileiro, tem como referência teórica o “Ensaio sobre a Música Brasileira”, que Mário de Andrade publicou em 1928. No ano seguinte, Luciano Gallet comporia a “Suíte Popular”, para um grupo de 12 instrumentistas, na qual cita temas de obras populares de sucesso daquela época, inclusive de Ernesto Nazareth, formatados em cinco movimentos que representam as formas de dança da música de salão do Rio de Janeiro da década de 1920.

Já no dia 23 de fevereiro, às 19h, o Teatro Procópio Ferreira, em Tatuí (SP), apresenta A Banda do Villa, projeto coordenado pelo maestro Marcelo Jardim. O programa é o resultado da pesquisa de doutorado em que o regente encontrou uma coleção de partituras de autoria de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) que serão arranjadas e editadas para a utilização de bandas e corais. A Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, o Conservatório de Tatuí e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) celebram a parceria em um encontro com Jardim, que também é o coordenador do programa Arte de Toda Gente.

A programação, aberta e gratuita, conta com a participação dos vencedores dos concursos de piano e violão do Conservatório de Tatuí, edição 2021, pela série Revisitando o Modernismo. Também está na agenda da noite a apresentação de partituras, executada pela Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí, e de um documentário. A agenda traz ainda os “24 caprichos para violino desacompanhado”, compostos pelo regente Arthur Barbosa, inspirado por temas e elementos latinoamericanos que são executados pelo violinista Emmanuele Baldini.

O evento 100 Anos da Semana de Arte Moderna é fruto de ações dos três projetos que integram o Arte de Toda Gente (ATG), programa da Fundação Nacional de Artes - Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): Bossa Criativa, Um Novo Olhar (UNO) e Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos).

Programa Arte de Toda Gente

Bossa Criativa

No Bossa Criativa, arte, cultura e inclusão têm como palco a internet e patrimônios da humanidade. São mais de 350 artistas e educadores, de várias regiões do país, em apresentações, lives, mostras e oficinas de capacitação nas áreas de música, dança, teatro, circo, artes visuais, empreendedorismo e gestão cultural. Mais de 200 horas de conteúdo já estão no ar, com foco na diversidade e democratização da cultura. O projeto oferece ainda atividades presenciais, como apresentações, mostras e festivais, com destaque para ações em nove cidades em que estão localizados pontos do patrimônio cultural brasileiro: Ouro Preto e Belo Horizonte (MG); Brasília (DF); Rio de Janeiro e Paraty (RJ); São Cristóvão (SE); São Luís (MA), Olinda (PE) e São Miguel das Missões (RS).

Um Novo Olhar (UNO)

O UNO atua em duas frentes estruturantes: reúne capacitações em arte-educação e acessibilidade e em regência de canto coral infantil. O intuito é promover a ação pedagógica em arte como forma de inclusão e capacitação para professores que atuam com crianças, jovens e adultos com deficiência. O projeto reúne mais de 70 artistas e educadores e mais de 200 horas de performances, apresentações, capacitações e lives, além de publicações, palestras e congressos com a participação de especialistas de diversos países. Os cursos de arte/educação + acessibilidade + inclusão contam com alunos de todo o Brasil.

Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos)

O Sinos é sustentado por uma rede de dezenas de profissionais de música, que atuam em cursos, oficinas, concertos e festivais. O objetivo é capacitar regentes, instrumentistas, compositores e educadores, apoiando projetos sociais de música, e contribuir para o desenvolvimento das orquestras-escola e bandas de música em todo o Brasil. Inúmeras parcerias estão em desenvolvimento e, desde o seu lançamento, já foram veiculadas, de forma on-line, mais de 500 vídeo-oficinas, com mais de 200 horas de conteúdo pedagógico, além de concertos e publicações (partituras para orquestras jovens, bandas e a revista Sinos).

100 anos da Semana de Arte Moderna

Programação gratuita

Dia 18 de fevereiro (sexta-feira), às 19h
Poesia modernista na canção de câmara brasileira

1- Caio Senna (1959) – Pneumotórax (Manuel Bandeira)

2- Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948) – Toada pra você (Mário de Andrade)

3- Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Seresta nº 6 Na paz do outono (Ronald de Carvalho)

4- Ronaldo Miranda (1948)
I- Desenho leve (Cecília Meireles)
II- Retrato (Cecília Meireles)

5- João Guilherme Ripper (1959)
I- Alumbramento (Manuel Bandeira)
II- Confidência (Manuel Bandeira)
III- Rondó de Colombina (Manuel Bandeira)

6-Claudio Santoro (1919-1989)
I- Balada da flor da terra (Vinícius de Moraes)
II- Amor em lágrimas (Vinícius de Moraes)
III- Luar do meu bem (Vinícius de Moraes)

7- César Guerra-Peixe (1914-1993) – Vou-me embora pra Pasárgada (Manuel Bandeira)

8- César Guerra-Peixe
I - Rapadura (Carlos Drummond de Andrade)
II- Canção amiga (Carlos Drummond de Andrade)
III- Festa no brejo (Carlos Drummond de Andrade)
Inacio de Nonno (barítono) e Caroline Barcellos (piano)

Dia 19 de fevereiro (sábado), às 19h
O Modernismo antes e depois da Semana de 22

1- Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Três números da Prole do Bebê nº1 (1918)
I - A Branquinha
II- A Mulatinha
III- O Polichinelo
Cristiano Vogas (piano)

2- Heitor Villa-Lobos – Choros nº 2 (1924) - obra dedicada a Mário de Andrade
Sofia Ceccato (flauta) e Márcio Costa (clarineta)

3- Heitor Villa-Lobos – Três Danças Características Africanas para octeto (1914/15-1920)
I- Farrapós
II- Kankikís
III- Kankukús
Sofia Ceccato (flauta), Márcio Costa (clarineta), Cristiano Vogas (piano), Tomaz Soares (violino), Luísa de Castro (violino), Clara Santos (violino e viola), Daniel Silva (violoncelo), Rodrigo Favaro (contrabaixo) - Regente: Thiago Santos

4- Luciano Gallet (1893-1931) – Suíte Popular (1929)
I- Dobrado
II- Tanguinho
III- Polca
IV- Seresta
V- Maxixe
Carolina Chaves (flautim), Sofia Ceccato (flauta), Márcio Costa (clarineta), Pedro Bittencourt (saxofone), Ezequiel Freire (trompete), Everson Moraes (trombone), Cristiano Vogas (piano), Tomaz Soares (violino), Luísa de Castro (violino), Clara Santos (violino e viola), Daniel Silva (violoncelo), Rodrigo Favaro (contrabaixo) - Regente: Thiago Santos

Teatro Dulcina
Rua Alcindo Guanabara, 17
Centro – Rio de Janeiro (RJ)
Telefone: (21) 2240 4879
(Próximo ao VLT e ao Metrô Cinelândia)

Dia 23 de fevereiro (quarta-feira), às 19h
Evento A Banda do Villa

Abertura com o professor-doutor Marcus Held e recital com os vencedores do 16º Concurso Interno de Piano Revisitando os modernistas e do 9º Concurso Interno de Violão Revisitando os modernistas – Alma brasileira.

Repertório:
Heitor Villa-Lobos (1887-1959): Mazurka Choro
Pedro Assis Marinho Pereira, violão (professora Juliana Oliveira) 3º lugar da Categoria II – 3ª série (Intermediário)

Heitor Villa-Lobos (1887-1959): Valsa da Dor
Enrico Boldrini Soares, piano (professora Ana Maria Teixeira de Almeida) 1º lugar da Categoria VI – Avançado I

Heitor Villa-Lobos (1887-1959): Estudo 6
João Henrique Munhoz, violão (professora Márcia Braga) 1º lugar da Categoria II – 5ª série (Intermediário)

Catarina Domenici: Para Beatriz
Mayara Confortini Machado, piano (professora Cristiane Blóes) 1º lugar da Categoria VIII – Aperfeiçoamento

Federico Moreno Torroba ( 1891-1982): Allegro III - Sonatina
Carlos José Marin, violão (professor Edson Lopes) 2º lugar da Categoria II – 5ª Série (Intermediário)

Marlos Nobre (1939): Frevo nº 1
Beatriz Virgili, piano (professora Cristiane Blóes) 1º lugar da Categoria VII – Avançado II

Após o recital dos alunos, o coordenador e maestro Marcelo Jardim, um dos convidados do evento, vai apresentar o seu projeto, A Banda do Villa. A Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí fará uma participação especial. O violinista e regente Arthur Barbosa fala sobre os 24 Caprichos Latinoamericanos, de sua autoria; e o maestro e violinista Emmanuele Baldini executa Seleção de Caprichos, performance violino desacompanhado, encerrando as apresentações da noite.

Teatro Procópio Ferreira
Rua São Bento, 415
Centro - Tatuí (SP)
Fone: (15) 3205-8444

A programação dos demais eventos será divulgada em breve

Transmitido pelo canal Arte de Toda Gente no YouTube (https://www.youtube.com/artedetodagente)

Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte | Secretaria Especial da Cultura | Ministério do Turismo | Governo Federal | Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Curadoria: Escola de Música da UFRJ

Acompanhe as ações dos projetos Bossa Criativa, Sinos e UNO nos sites próprios, no canal Arte de Toda Gente no YouTube e no Portal Funarte

Outras ações e editais da Funarte: www.funarte.gov.br

Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação – Funarte