Algumas disciplinas serão realizadas presencialmente a partir do próximo semestre letivo da Universidade, que começará em 17 de janeiro
Foto: Gabriel de Sousa
Em uma decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade de Brasília (UnB), foi decidido que o próximo semestre acadêmico da instituição de ensino superior, que será iniciado em 17 de janeiro de 2022, será realizado de forma parcialmente presencial, com algumas disciplinas sendo realizadas dentro de salas de aula e em laboratórios especiais.
De acordo com a UnB, para a distribuição de aulas presenciais, serão prioritárias as disciplinas oferecidas para estudantes que estão prestes a se formar. Também poderão ir até os campis da instituição aqueles que estão matriculados em atividades que não podem ser realizadas de forma remota, como cursos de laboratório, e também da área da Saúde.
A decisão foi aprovada com 40 votos favoráveis a adoção da nova medida e 3 abstenções. De acordo com o decano do Ensino de Graduação, Diêgo Madureira, no próximo semestre acadêmico, a atenção para os cuidados de saúde serão estabelecidas e serão seguidas pelos frequentadores da Universidade de Brasília. “O que se espera é seguir, rigorosamente, as recomendações de segurança e protocolos sanitários”, afirma.
A última vez que a Universidade de Brasília teve aulas presenciais foi no dia 12 de março de 2020. Na época, o Distrito Federal possuía apenas um caso confirmado de coronavírus. Nesta data, também foi registrado o primeiro óbito por coronavírus no país. Até a data do início das aulas parcialmente presenciais em janeiro do ano que vem, os estudantes ficarão 676 dias distantes das salas de aula da instituição.
Porém, nem todos os estudantes irão retornar para as salas de aula. A maioria dos estudantes da UnB não estão inseridos nas prioridades para o retorno presencial, e continuarão a receber a educação à distância, instituída em agosto de 2020. Nesta sexta-feira (6), chega ao fim o terceiro semestre realizado de forma remota. Este método de ensino foi uma situação atípica nunca presenciada pelos 39.699 universitários que estudam nos cursos de graduação da universidade.
Alunos acham o retorno positivo:
Para Ana Lima, estudante do sexto semestre de enfermagem, o retorno semi-presencial foi anunciado em um bom momento, tendo em vista o avanço da campanha de vacinação no Distrito Federal, onde mais de 55% da população da capital federal já recebeu a segunda dose da vacina contra o coronavírus. “Eu acho que até janeiro, todos os estudantes e professores vão ter recebido a segunda dose. Então, se a vacina nos protege, não vejo porque impedir que a UnB volte a atuar presencialmente em passos curtos”, afirma.
A futura enfermeira lembra que quando as aulas presenciais da Universidade de Brasília foram paralisadas, em março de 2020, ela não imaginava que a paralisação tivesse a duração de quase dois anos. “Eu lembro que o governador tinha cortado a luz da UnB e tivemos que ir para casa. Todos falavam que só durariam quinze dias, mas já se passaram três semestres em que estamos distantes dos nossos amigos e professores”, relembra Ana.
Apesar da sua ansiedade e felicidade por poder retornar às salas de aula da sua faculdade, localizada no campus da Ceilândia, próximo à estação de metrô do Centro Metropolitano, Ana observa que as normas sanitárias devem ser seguidas à risca, para que o retorno presencial não se torne um risco para os estudantes da instituição de ensino superior. “Não dá para pensar que vamos para lá e que tudo vai voltar a ser como era em 2019. A pandemia não acabou. Pode estar acabando. Tudo pode estar voltando para a normalidade, mas não acabou ainda”, diz a estudante de enfermagem.
Especialista em saúde diz que a UnB deve reforçar a segurança:
Uma das principais questionadoras da segurança dos frequentadores da Universidade de Brasília durante a retomada das atividades presenciais é Fátima Sousa, ex-diretora da Faculdade de Ciências da Saúde e ex-candidata ao governo do Distrito Federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Segundo ela, a UnB, antes de tudo, deve garantir o bem-estar sanitário dos estudantes da instituição. “Se não tivermos segurança nos espaços físicos da Universidade de Brasília, que a gente siga fazendo o modelo remoto”, indaga.
Professora de Saúde Coletiva na instituição, Fátima questiona a escassez de ferramentas de proteção na UnB, fato que para ela é importante para o retorno dos estudantes.“Se a universidade e nem os alunos têm condições financeiras de comprar equipamentos de proteção individual, se nós não temos os banheiros em condições sanitárias adequadas, se a gente não tem as salas ventiladas e todos os espaços físicos cumprindo os protocolos da Organização Mundial de Saúde e da saúde pública brasileira, nós vamos colocar em risco os nossos estudantes, os nossos professores e os nossos técnicos-administrativos”, afirma a ex-diretora.
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