Leite adquirido pela Secretaria de Agricultura é entregue na Ceasa e distribuído para 62 mil pessoas em situação de vulnerabilidade | Fotos: Tony Oliveira /Agência Brasília

Além das cestas verdes, governo entrega o laticínio para 62 mil pessoas em vulnerabilidade
Agência Brasília

Priscila Laís Gomes Marques, 32 anos, tem quatro filhos, de 16, 6, 3 anos e 3 meses. Desempregada, ela sustenta a família por meio de benefícios assistenciais do governo e com a ajuda de parentes e amigos. A alimentação básica familiar é garantida com os R$ 250 do cartão Prato Cheio e complementada por frutas e verduras entregues semanalmente pela Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF). Agora, junto com as cestas verdes, ela recebe leite pasteurizado adquirido pelo GDF.

A Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) fez chamada pública para comprar 118 mil litros de leite fluido pasteurizado integral de produtores rurais. A iniciativa tem dois objetivos: fomentar a comercialização de produtos da agricultura familiar do DF e do entorno e, promover a segurança alimentar de famílias carentes e de pessoas em situação de vulnerabilidade.

O leite vem de uma cooperativa, que reúne 67 agricultores familiares de Luziânia, e é um reforço nutricional para cerca de 62 mil pessoas. Foi comprado por meio do Programa de Aquisição da Produção de Agricultura do Distrito Federal (Papa-DF) e custou R$ 350 mil aos cofres públicos. Investimento garantido por uma emenda parlamentar da ex-deputada Telma Rufino.

A cada semana, o produto adquirido pela Seagri é entregue pela cooperativa na Ceasa e distribuído às entidades cadastradas no Banco de Alimentos. A entrega começou nesta semana e será feita até o fim de dezembro, de terça à sexta-feira.

O leite doado para 33 entidades socioassistencias tem validade de 7 dias e deve ser fervido antes do consumo | Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília


Na casa de Priscila, o leite será suficiente para alimentar as crianças por dois dias. “Eles tomam muito leite. O caçula ainda mama, mas está na mamadeira também porque chorava de fome quando só tomava leite materno”, disse. “Essa doação é muito importante. É um complemento a mais à alimentação deles. Meu marido é autônomo e não está arrumando serviço”, ressaltou.

O leite adquirido pelo governo local também é doado para 33 entidades socioassistenciais cadastradas na Ceasa, que prestam serviço contínuo a idosos, crianças e adolescentes. São instituições como os abrigos, que, juntas, atendem cerca de 2,8 mil pessoas. Há ainda a distribuição do laticínio para 96 instituições, que prestam assistência a famílias carentes, como congregações religiosas, que auxiliam 15 mil famílias.

Inicialmente, está prevista a distribuição de 4 mil litros por semana. Mas alguns ajustes no volume doado ocorrerão ao longo das semanas, na tentativa de atender mais famílias. “A gente entrega de acordo com a capacidade de armazenamento de cada entidade”, explica Lidiane Pires, diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Ceasa.

Ajuda aos pais de alunos

A primeira entidade a buscar as doações na Ceasa foi o Lar da Criança Padre Cícero, de Taguatinga. Seis bebês de 0 a 2 anos estão abrigados na instituição que também funciona como creche pública, atendendo 480 crianças de 6 meses a 3 anos de idade. As famílias não pagam mensalidade, pois a creche é conveniada ao GDF.
A iniciativa tem dois objetivos: fomentar a comercialização de produtos da agricultura familiar do DF e do entorno e, promover a segurança alimentar de famílias carentes e de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Com o constante pedido de ajuda dos pais, a entidade decidiu repassar o leite recebido pelo Banco de Alimentos às famílias necessitadas. “Quando temos aulas, consumimos de 10 a 12 litros de leite por dia”, conta Monique Taira Silva Martins, nutricionista da instituição. “Mas a gente tem recebido muitas ligações com pedidos de ajuda”, acrescenta.

O Lar da Criança recebeu 200 litros de leite do Banco de Alimentos e repassou dois litros para 100 famílias selecionadas. O filho de 2 anos de Keyla Nascimento, 20 anos, é matriculado na creche e toma leite duas vezes por dia, de manhã e à tarde. Ela também é mãe de menina de 5 anos e cuida sozinha das crianças. “Fiquei muito tempo sem trabalhar, nossa situação financeira está bem difícil”, contou.


Priscila Marques, mãe de quatro filhos, é uma das beneficiadas. Além do Cartão Prato Cheio, ela recebe cestas verdes e o leite da Ceasa | Fotos: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Complemento nutricional

O leite pasteurizado vem embalado em saquinhos de um litro. O produto não é submetido a nenhum processo químico antes de ser embalado e, por isso, a validade é de 7 dias. “A gente recomenda que ele seja fervido antes de ser consumido, pois sai da vaca e é ensacado”, afirma a nutricionista da Ceasa, Indiara Alves Septimo.

Segundo ela, o leite tem propriedades nutricionais importantes, tanto para crianças quanto para idosos, o principal público atendido pelas entidades cadastradas no Banco de Alimentos. “O cálcio é importante para o desenvolvimento ósseo e o crescimento das crianças e para o fortalecimento da estrutura óssea dos idosos”, explica. O leite, completa a nutricionista, também tem uma importante quantidade de proteínas, além de aminoácidos que aumentam a imunidade.

Banco de alimentos

O Banco de Alimentos surgiu como uma iniciativa de mitigar o desperdício de alimentos na Ceasa- DF, recolhendo, selecionando e distribuindo os alimentos que eram descartados por estarem fora do padrão de comercialização, mas aptos para consumo humano, e doá-los assim para instituições filantrópicas de Brasília, complementando as refeições de pessoas carentes.

Com o passar do tempo, passou a captar e doar alimentos para a população em vulnerabilidade e se tornou um equipamento público de segurança alimentar e nutricional recebendo alimentos de diversas fontes para ser doado para instituições sócio assistenciais.

Assim, o Banco de Alimentos desenvolveu também uma significativa função social e econômica ao alimentar milhares de pessoas e operacionalizar políticas públicas de compras da agricultura familiar. Com a pandemia do coronavírus, as entregas dos alimentos passaram a acontecer com hora marcada.

Além do leite, o Banco de Alimentos entrega, toda semana, frutas e hortifrutis compradas por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), financiado por recursos federais. Quatro toneladas são distribuídas para as entidades assistenciais e 900 cestas verdes são entregues para famílias carentes por semana. Desde janeiro, 66.955 cestas verdes foram doadas, beneficiando mais de 200 mil pessoas.