Proposta da deputada Arlete Sampaio (PT) está em tramitação na casa e busca regatar a história do astrônomo responsável por definir o quadrilátero do Distrito Federal no século XIX
Foto: Lucio Bernardo Jr/Agência Brasília
Os participantes da audiência pública remota da Câmara Legislativa do Distrito Federal, realizada na noite da última sexta-feira (13), apoiaram a denominação ‘Planetário de Brasília Luiz Cruls’ ao observatório da cidade. A autora da proposta (PL nº 818/2019), deputada Arlete Sampaio (PT), argumentou que “a história de Brasília precisa ser resgatada e, nesse trabalho permanente em defesa do patrimônio histórico e cultural, é fundamental rememorar as grandes figuras que ajudaram a pensar e construir Brasília”.
Ela lembrou que o engenheiro foi chefe da Comissão Exploradora do Planalto Central, conhecida como “Missão Cruls”, formada por 21 cientistas, destinada a escolher e demarcar o lugar onde seria construída a futura capital brasileira. A missão partiu do Rio de Janeiro, em junho de 1892, rumo ao centro do País. Depois de 5.132 quilômetros percorridos, foi elaborado o Relatório Cruls, considerado o primeiro estudo de impacto ambiental do País. A parlamentar entende que a nova denominação do planetário vai instigar os estudantes e os visitantes do local a questionarem quem foi Luiz Cruls e, desse modo, resgatar a história e fortalecer o patrimônio.
Ao elogiar a atuação de Arlete em prol da memória e da cultura de Brasília, o professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), José Carlos Coutinho, afirmou que é “dever de todo cidadão comprometido com Brasília e que a ame verdadeiramente preservar do esquecimento aqueles personagens que construíram sua grandeza e que, aos poucos, vão desaparecendo das lembranças das gerações mais jovens”. Segundo o professor, a escolha de Cruls para nomear o planetário é adequada a fim de que se faça justiça perante a história porque ele, entre outros motivos, está na origem da demarcação da capital.
“Cruls – Histórias e andanças do cientista que inspirou JK a fazer Brasília”
Biógrafo de Luiz Cruls, o jornalista Jaime Sautchuk, autor do livro “Cruls – Histórias e andanças do cientista que inspirou JK a fazer Brasília” (ed. Geração), recordou que o astrônomo, geógrafo e engenheiro belga Luiz Cruls (1848-1905) fora amigo de D. Pedro II, que o nomeou coordenador do observatório nacional do Brasil, país onde ele constituiu família e se naturalizou. Sautchuk rememorou todo o percurso feito pela Comissão Exploradora do Planalto Central, destacando o relatório Cruls, tanto pela precisão na medição do quadrilátero quanto pela definição das bacias hidrográficas nas cercanias da futura capital. Ele exaltou sobremaneira o nome do astrônomo para o planetário, assim como os professores da rede pública de ensino, Robson Eleutério e Rinaldo Oliveira. História, Geografia e Ciências são exemplos de disciplinas que trabalham o conteúdo do relatório Cruls, citou Eleutério. Já o professor Rinaldo Oliveira, autor da sugestão do nome de Cruls ao observatório, contou que a ideia surgiu durante as caminhadas feitas com os alunos.
Cerca de 70% dos cerca de 130 mil visitantes anuais do planetário são estudantes, de acordo com o secretário adjunto de Fomento à Inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF, Rafael Marques, pasta responsável pela gestão do lugar. “A homenagem ao astrônomo é bem-vinda ao planetário”, avaliou Marques. Cruls também nomina um cometa e crateras lunares.
Por sua vez, a jornalista Conceição de Freitas leu a crônica “A saudade adoeceu dois amantes na missão Cruls”, de sua autoria, sobre um dos integrantes da Missão Cruls, o engenheiro Hastimphilo Moura. Já a representante da Tríade Patrimônio, Turismo e Educação, Patrícia Herzog, destacou que o projeto “A fantástica história da missão Cruls” integra o programa educativo do grupo, o qual desenvolve trabalhos de educação patrimonial.
Ao final do evento, transmitido ao vivo pela TV Web CLDF e pelo canal da Casa no YouTube, a deputada Arlete Sampaio leu os comentários postados pelos participantes em apoio à proposta, ao frisar que a audiência integra os requisitos legais para a alteração de nomenclatura. De acordo com a legislação local (Lei nº 4.052/2007), a alteração de nomes de logradouros e monumentos públicos deve ser ratificada por meio de audiência pública. O projeto agora irá para apreciação das comissões e depois do plenário, de onde seguirá para sanção do governador.
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Franci Moraes
Fotos: Lucio Bernardo Jr/Agência Brasília
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa
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