A
primeira qualidade que muitos enxergam em Anjuli é, sem dúvidas, sua coragem.
Essa jovem de 32 anos tem como uma das suas principais atuações denunciar e
lutar contra malfeitos de poderosos. Nessa lista já entraram dois ministros –
que foram expulsos da Controladoria-Geral da União, onde ela exerce o cargo de
auditora há quase 6 anos - um ex-presidente da Câmara dos Deputados, o
ex-presidente da Petrobrás, Pedro Parente, responsável pela política de aumento
automático dos preços do combustível. Essa lista inclui ainda um ex-Secretário
da Fazenda no DF, responsável por capitanear um trem da alegria, além do
próprio presidente Temer. Todos eles caíram, com exceção do último, mas ela não
se dá por vencida “é um presidente sem legitimidade e seu projeto anti-povo será vencido
nas nas urnas e ruas” – diz.
Em
tempos de descrença na política, Anjuli tem representado um raio de luz e
criado uma onda. Ela afirma ser pré-candidata porque também não acredita no
atual sistema vigente. “A grande maioria dos que estão no poder
não têm agido como representantes do povo, mas de banqueiros e multimilionários
que se enriquecem às custas da retirada de direitos e do empobrecimento da
população. Passei boa parte da minha vida sem votar, mas infelizmente as
decisões dos que estão lá dentro impactam a vida de todos nós – então
precisamos estar lá no Congresso também” – diz Anjuli.
Anjuli
atendeu ao chamado de lideranças da comunidade em que atua como advogada
popular, São Sebastião, para se apresentar como pré-candidata a deputada
federal, além de outros setores da sociedade, como servidores públicos, que
veem em Anjuli uma potente defesa contra o processo de desmonte pelo qual passa
o Estado brasileiro.
Sua página do Facebook já tem 123 mil
seguidores – maior do que a do atual governador e de deputados e senadores com
alta popularidade, como Reguffe. É uma das maiores e mais movimentadas páginas
do país, com pouco mais de 1 ano de existência.
Como advogada popular, Anjuli já apresentou
ações importantes, contra o aumento das passagens de ônibus e metrô no DF (que
pesa principalmente sobre os mais pobres), contra a derrubada de moradias de
populações carentes - que no DF ocorrem sem notificação ou mandado judicial - a
favor do tratamento de câncer de centenas de pessoas que aguardavam na fila da
radioterapia e até um pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, em
conjunto com outros juristas.
Quem quiser conhecer a nova deputada, terá que
ir a um centro cultural na periferia de Brasília. Anjuli mora em São Sebastião
desde 2016, onde é uma das responsáveis por um Centro de Direitos Humanos e
Cultura, construído em conjunto com a comunidade e com a organização Brigadas
Populares. No local há uma biblioteca comunitária com centenas de livros, uma
fábrica de camisetas para gerar renda à comunidade, uma exposição permanente
com mais de 50 obras de arte de toda a América Latina e saraus mensais,
organizados com a comunidade artística da cidade. “Precisamos produzir um novo tipo
de sociabilidade, que não seja centrado apenas no lucro, mas na dádiva com
relação ao próximo e na convivência em comunidade. ” – diz Anjuli.
Não é
por acaso que a moça tem representado a novidade no cenário político
brasileiro. Se outro mundo é possível, Anjuli tem mostrado, na prática, como
construir isso.
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