Augusto Cantanhede
Educar os filhos para que sejam consumidores conscientes não é uma tarefa fácil. Para dificultar o trabalho dos pais, a publicidade voltada para o público infantil é muito atrativa e seduz as crianças a consumir desde fast-food até brinquedos eletrônicos. Em datas festivas, como o Natal, o estímulo ao consumismo aumenta e muitos pais cedem aos pedidos insistentes dos pequenos. Para o consultor financeiro Stanlei Bellan, educação financeira é importante para a formação dos filhos. “O começo da educação financeira se dá nas pequenas ações diárias de cada família. Para isso, os pais precisam ensinar seus filhos, desde pequenos, a terem responsabilidade com o dinheiro”, diz.
Ele aconselha que uma boa ferramenta para o aprendizado financeiro é a mesada, pois com ela os pequenos aprendem alguns dos conceitos mais básicos das finanças: ganhar, poupar e escolher em que gastar. "Nunca é cedo demais para ensinar sobre questões financeiras e, é claro, dê o exemplo em casa e tudo será mais fácil. Vale lembrar que a mesada deve ser paga pontualmente para deixar claro o caráter de responsabilidade sobre os pagamentos prometidos", explica Bellan. Mas lembre-se: o uso da mesada deve ser supervisionado.
Um dos erros mais comuns que alguns pais cometem na educação dos filhos é pagar mesada como recompensa por boas ações. Quando o filho obedece aos pais em troca de dinheiro, ele passa a ver as relações de afeto como relações de troca e assim se torna uma pessoa egoísta. "A criança tem que ter boa educação independentemente de recompensa", alerta o consultor financeiro.
Além de ensinar com o quê e como gastar, também é preciso ensinar a poupar. “O valor da mesada depende da condição social da família e da idade da criança. O ideal é sobrar um pouco, como 10% ou 15% do valor total”, afirma. Guardar dinheiro, planejar o futuro, estabelecer metas são formas de educar os filhos para que não comprem por impulso e saibam valorizar o que recebem.
Ensinar os filhos a valorizar o dinheiro, a planejar as compras e os gastos e aprender a investir é fundamental para que eles cresçam como consumidores responsáveis e tenham um futuro mais próspero.
A educação financeira em cada fase do desenvolvimento
De 3 a 6 anos – A familiaridade com as finanças acontece quando a criança começa a encaixar objetos. Ajudá-la a colocar uma moeda em um cofrinho já é o início do conceito de poupança. Quando ela começar a aprender os nomes dos animais, as notas podem ser inseridas no aprendizado. O melhor nessa fase é estipular um valor com o qual a criança possa comprar uma guloseima ou um livro. A ideia é atuar mais o conceito do que com o valor. É importante falar que o dinheiro vem do trabalho e há limites para os gastos.
De 7 a 12 anos – Nesta idade a criança já está aprendendo a somar e a diminuir e os mais velhos já sabem calcular o troco. Pode, então, ser introduzida a "semanada". O ciclo é mais curto e é possível verificar quanto sobrou no final da semana. Fique atento e ensine as crianças a decidir qual será a finalidade do dinheiro e a controlar as compras até a próxima mesada.
De 13 a 15 anos – Na fase da adolescência, a semanada deve ser trocada pela mesada, pois já é um treino para a vida adulta. Se o dinheiro acabar, é importante que os pais não complementem. Se o valor for insuficiente com frequência, ele deve ser revisto. O cálculo pode ser um pouco maior do que os gastos com lanches e para ir ao cinema.
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